Crítica: Atypical - 1ª Temporada


Atypical é uma série original Netflix, que vai contar a história de Sam (Keir Gilchrist), um adolescente que está no espectro autista. Este é o diferencial da série, enquanto varias séries tratam os dramas e as complexidades de um adolescente, Atypical nos apresente este tema com um toque a mais, o autismo sendo tratado de forma realista, com um certo toque de leveza e muito humor.

Logo no comecinho da série, Sam está conversando com sua psicóloga e decide que precisa encontrar uma namorada, e este é um dos pontos principais da trama, a busca do Sam por um relacionamento e por amadurecimento.

Apesar do Sam ser o protagonista, o foco mesmo é em toda família. A ideia da série é mostrar como vive uma família onde um integrante faz parte do espectro autista. E isso é muito interessante de acompanhar. Sam vive com a mãe que faz de tudo para o filho se sentir confortável, mas ao mesmo tempo ela se vê pressa em uma vida monótoma. Ele também vive com o pai e uma irmã mais velha.


A relação do Sam com o pai é um pouco vazia, o seu pai tenta mais não consegue encontrar um jeito de se comunicar com ele da forma correta, mas ao longo da série, essa relação vai sendo muito bem trabalhada. Já a irmã mais velha do Sam, é uma personagem muito bem construída, que aparentemente vive normalmente com seu irmão, mas ao chegar no meio da série, descobrimos que apesar dela amar o Sam, existe um conflito interno e precisou de alguém de fora alertar toda a família que tudo que acontece dentro da casa, se volta apenas para o Sam, deixando sua irmã invisível.

Outros personagens que estão sempre presentes, é o melhor amigo do Sam, que apesar de aparentar ser um cara bacana, eu não tive muita conexão. Já a psicóloga do Sam, aparece conversando muito com ele, sempre aconselhando e deixando que ele chegue nas suas próprias conclusões.

Para quem não sabe, pessoas que são diagnosticadas com autismo tem dificuldades de compreender todas as regras de uma boa convivência em sociedade, ou seja, a  interação social muitas vezes é evitada, dificuldade de se comunicar e padrões inadequados de comportamento, são outras características do autismo. E isso exige muito do Keir Gilchrist. Tem certos momentos que ele precisa ter uma expressão séria, mas ao mesmo tempo ele está falando algo super engraçado que faz todos em volta ri, e outros momentos ele precisa ser inocente, mostrar que o personagem não está compreendendo aquilo que está sendo falado, e particularmente, eu achei que o ator se saiu super bem.


No meu ponto de vista, Atypical é a melhor dramédia da Netflix. Nos primeiros segundos, o Sam me causou um certo estranhamento, mas bastou cinco minutos de série, eu já me envolvi com o personagem, e peguei rápido a mensagem de empatia e normalidade nas diferenças dele. E ver o mundo pela perspectiva de um autista foi bem interessante e me tirou da minha zona de conforto.

A série tem uma narrativa bem construída, com diálogos autoexplicativos mas sem ser muito maçante. Quem tiver interesse em assistir, pode se preparar para levar um "tapa na cara", aprender lições de vida e passar por oito episódios como se estivesse em uma montanha russa, em alguns momentos a série te diverte, te coloca para cima, e em outros, a emoção fala mais alto. E a boa notícia, é que Atypical já foi renovada para uma segunda temporada.


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