Resenha: Menina Má - William March

“Sempre houve algo estranho com Rhoda, mas eles ignoraram suas esquisitices, esperando que, com o tempo, ela fosse mais parecida com as outras crianças."

"Menina Má" é um livro escrito por William March, e publicado originalmente em 1954, e desde então, ele vem servindo de referência para várias obras na literatura e no cinema. O principal questionamento do livro, é de onde surge a maldade. Já nascemos mal, ou isso é algo que se desenvolve ao longo da vida?

Em "Menina Má", vamos conhecer Rhoda Penmark, uma garotinha de oito anos que é simplesmente adorável, mas que possui alguns comportamentos que não condizem com sua idade. Rhoda é muito independente, organizada e convive muito bem com os mais velhos. Todos a elogiam e dão os parabéns para sua mãe, que apesar de achar estranho, não vê maldade no comportamento da filha.

A estória começa com uma competição de caligrafia na escola de Rhoda. Ela se esforçou muito e tinha certeza que a medalha seria dela, mas no dia, ela perdeu, e a medalha foi entregue para um menino da sua turma. Rhoda não nega que ficou extremamente chateada, e na sua cabeça, a medalha só poderia ser dela.

“O que Christine queria saber era: quando essas pessoas começavam a carreira? Crianças também matavam ou ela estava certa em presumir que só adultos cometiam esses atos terríveis?”

Durante um passeio de escola, o vencedor é encontrado morto e sem a medalha. É a partir desse incidente, que Christine, a mãe de Rhoda, passa a observar melhor a filha. Ela começa a perceber que Rhoda é extremamente fria, sem sentimentos, ela só demonstra afeto quando quer alguma coisa. E quando Christine encontra a medalha no quarto de Rhoda, ela começa a ligar outros acontecimentos e percebe que Rhoda não é uma criança de oito anos comum.

Apesar do livro se tratar de uma criança assassina, a trama gira em torno da mãe. Ao longo do livro, Christine vai descobrir sobre o passado de sua família, além de praticamente passar as 24 horas do dia pensando no que ela pode fazer para dar um fim nisso, mas nada parece resolver da melhor forma possível. Mas quando Rhoda faz outra vítima, Christine toma uma decisão que parece ser a única alternativa.

"Menina Má" é narrado em terceira pessoa, e quem espera um livro com várias mortes, pode desanimar. A intenção do autor é mostrar como um psicopata pode viver normalmente e enganar todos a sua volta, e ele soube trabalhar isso muito bem. Apesar de ser um livro de 1954, eu achei a escrita do autor fantástica, diálogos que condizem exatamente com a época da estória, e a forma como ele consegue chocar o leitor nos apresentando uma psicopata infantil, é impressionante.

“-Eu sei que, no fundo, você está muito triste, minha linda.-Não sei do que está falando, mãe. Não sinto nada.”

Eu achei que o final ficou um pouco em aberto, mas eu prefiro acreditar em uma continuação criada na minha cabeça, já que o autor morreu no mesmo ano em que o livro foi publicado. O livro foi publicado no Brasil pela DarkSide, que caprichou na edição. O livro é em capa dura, com o desenho de um rosto de uma boneca rasgado, fazendo referência a verdadeira face de Rhoda. E a diagramação por dentro está impecável.

"Menina Má" foi uma leitura que saiu completamente da minha zona de conforto, e eu amei a experiência. Dei cinco estrelas no Skoob e favoritei. Como já falei, o livro foi publicado em 1954, e em 1965 o clássico ganhou uma adaptação para o cinema. Eu indico a leitura para quem curte o gênero no melhor estilo e tem uma mente aberta para mergulhar na narrativa da década de 50.


4 comentários:

  1. Eu já queria muito ler esse livro, agora que li sua resenha quero ainda mais!
    Parabéns pela resenha!!!

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  2. Oi Mariana

    Esse não é o tipo de gênero que eu gosto, mas como você falou que nunca leu nada e gostou, estou pensando em ler. O problema é que os livros da Dark são bem carinhos. Fiquei curiosa para saber o final.

    thaisleueindicou.blogspot.com.br

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  3. Eu queria ler esse livro
    mas tenho medo porque o tema é muito profundo.

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  4. Fiquei muito curiosa pra ler e conhecer essa história, mas nunca li nada sobre crianças assassinas, tenho muito medo de ficar perturbada com o tema.

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